terça-feira, 4 de setembro de 2012

É tudo sobre bigodes. E saias de chita, claro.

Caso das acácias, dentes e músculos. Mas como um ser tão ser consegue se ver somente no homem ideal? Mulher tão convicta e decidida que diante desse amor derrete de um todo que seu eu vai junto. Se vê perdidamente louca por uma visão que se criou. Um Deus. Um herói inabalável, que surgiu em meados de sua infância. Algo que meio perturbador, sua mãe ora co-autora de seus desejos ora cortante dos mesmos a proíbe do fruto que desesperadamente deseja. Se vê mulher e se faz frágil, para que mais tarde algo como o que lhe desejara antes possa vir resgata-lá desse mundo. Volta e meia se perde aos cigarros e outros vícios que lhe incomodavam em outros tempos. Desta vez acrescenta-se barba. O bigode do outro homem que acalmava, já não se faz mais presente, porém juntamente com a barba os braços continuam, agora mais fortes. Mais tola é, se acredita que conhece essas proibições e fantasias assim, tão exposta. Ela que já está em seu décimo namorado, ama ainda demais. A ferida viva atenta para lhe deixa-la viva. Isso de inquietar faz com que ela se mova. Acredita-se que não irá viver tanto, mas o tanto que se está vivendo, ela se joga. É jovem. Inventa amores, atores, clamores. Inventa de um tudo para sobreviver diante o nada que se põe disfarçadamente á sua frente. Até se perde de propósito. Como disse, ela gosta de fantasias. Cria-se demais. Vinicius de Morais faria um poema para ela. Se chamaria drama. Ela recitaria com uma taça de vinho tinto na mão e com os olhos borrados de maquilagem. Seus olhos sempre estão borrados por sinal. Até mesmo sem vinho. É como se fosse sua marca. Sua meia calça rasgada, também é bem vinda. Diz que mostra personalidade. Quando questionada sobre tal, apenas diz que a vida é como uma meia calça. É fina, é linda, sensual e a vida faz questão de ter rasgos do cotidiano. Fica feio então? Eu não acho, diz a moça. Eu vejo rasgos como experiência. E digo de boca cheia quando olho para as minhas rasgadas, como amadurece. Volta e meia ela liga para sua mãe. Deseja se acomodar as vezes, mas de um jeito nada comum. Deseja acomodar-se nela mesmo e não ligar para bobagens da tv. Adora música francesa. Não sabe uma palavra, mas aquele som sensual á faz viajar mais que a própria viagem. Se não tivesse três gatos, teria um cachorro. Tem medo de não conseguir dar atenção á todos. Lê poesias e implica com vírgulas. Coloca-as até mesmo onde não precisa. Diz gostar da sensação de não ser um ponto final. Acredita em horóscopo. Não pelo fundamento, até mesmo por que não sabe qual é, mas pelas estrelas e pela lua. Acredita que as mesmas influenciam á vida das pessoas. É tão linda, mas odeia suas pernas tortas. Na verdade as meias são para cobri-las, e passa calor de vez em quando por isso. Pensa em ser astrônoma, ou dentista. Tem dúvidas se deve estudar. Gosta mais de ler letras de rock'n roll. Se diz não ciumenta, mas se alguém mexe em seu diário é como se roubassem á alma. O telefone toca, ela sai correndo, mas tem medo de números desconhecidos. Não por nada, mas porque pensa muito na morte. Seu amado de hoje, é a cara do pai. Até achei que disse isto no começo, não disse? Vive rabiscando seus cadernos com símbolos de outro plano. Não é moderna. Ainda escuta discos. Não acredita que nada possa ser solucionado, mas ninguém tira da cabeça que é uma teimosa convicta. Não gosta da cor marrom e implica com ela. Diz ser uma cor feia, mórbida. Essa menina, toda apaixonada não tem muitos amigos, e não é porque não quer. É porque seus livros fazem companhia enquanto seu amor não chega. Este último toma muito tempo desta moça, e ela não entende por que raios seus suspiros (pela décima vez) anda causando uma dor no peito. Seria algum problema com seu Romeo? Contei que ela adora Shakespeare? O mundo de hoje pra ela não existe, apenas o tempo. Não esconde o medo de escuro, mas pra dormir a tarde fecha todas as cortinas. É tão comum mas é diferente. Deve ser aqueles olhos negros que encantam. Pode ser também as pernas tortas. Os defeitos costumam atrair bizarramente algumas pessoas. Alguns a vê como diferente até demais. Alguns acreditam ser sua melhor qualidade. Sim, as pernas tortas. Uma menina diferentemente torta e comum. Olha, através de tudo que se é, ela sente uma saudade daquele bigode. Aquele mesmo, dito acima. O que lhe fora cortado á anos. Por que é que as pessoas tiram os bigodes da vida? Quando se cresce, o desejo volta. Parece um samba de escola de samba que em todo carnaval a gente aguarda entrar no salão, e quando entra dá samba. Sambeando por ai, sambinha bom, samba. (desculpa, samba é uma boa palavra, não acham? Eu não sei não, mas essa menina tem jeito de que gosta de sambar). Essa menina tão menina ainda. Me questiono se ela mesmo se deu conta. Algo lá atrás está de volta, e não estamos somente falando de apetrechos, fala-se aqui do próprio amor. O desejo reprimido sem explicação causa um desconforto. Nem em suas letras de rock descansa. Ela tem tantos sonhos secretos. Ela tem tantos cartões postais. Ela é cara, ela é coroa. Vive numa linha tênue entre tudo. Vive vírgula e larga tudo pela metade. Ela ainda vai escrever um livro. Tem frases feitas pra tudo, mesmo que copiadas de outros autores. Mesmo sendo todas copiadas de outros autores. Diante de todo esse furacão de ser, ainda sim, se perde por seu amor. Entendem sua angústia? Ela me parece esperta demais para cair nos truques do amor. Mesmo assim olha que menina tola se faz. Pela décima vez, eu friso. DÉ-CI-MA vez menina? Menina namoradeira esta. Menina que poderia usar saias de chita e dançar em praças, mas não, tinha que gostar de meias calças? E por Deus, rasgadas? Como pode então querer se dar por tola? Vingo-me tentando entender que no amor, os mais primitivos desejos retornam mesmo e não somente desejos antigos, como as barreiras impostas se voltam. Não é regra como nada se é, porém consigo explicar para os corações que não somente as de saias de chita se perdem por isso. Pode-se então por hoje dormir em paz com sua inquietude. Descubre-se que algumas saias por ai, de algum modo fazem parte das meninas de meia calças rasgadas. (NH*)

Trilha sonora: Zeca Baleiro - Flor de pele

Moral-mente falando, estou de acordo?


"Talvez nem me queira bem

Porém faz um bem que ninguém 
Me faz"


É com este trecho de Chico que me deixo "á falar". Percebo que acreditamos forte-mente em alguns padrões impostos por ai. Digo  impostos o que nos diz moral-mente respeito. Padrões imutáveis e perigosos. Perigosos porque? Penso que se não me adequo á algo que se impõe á minha volta, culpa de algo surge refém. Dessa culpa, que nem sei porque surge, me tomo de medo, angústias, pensamentos automáticos e tentativas de encaixe. Me frustro mais, porque desejo (assim penso que penso ser isso) algo que não desejo porém. Ai filosofar-me vou. Há quem me pego desejando? O quê e por quem? Talvez minhas morais não somente minhas e talvez nada minha se deixam levar pela falta de não ter/ser igual á padrões desejantes d'outros. Terceiros tanto humanos quanto imagens(ora pois humanos atrás de imagens) me colocam em risco do ser. Penso por vezes precisar de aprovações destes outros. Outros que na angústia do ser/ter, me ajudam á entender que somente preciso de nada destes padrões, como o tentar precisar me adequar me frustra. Ora pois, frustração então, juntamente com angústias da existências até mesmo discussão do que real desejo, é preciso, é de muito agrado, já que neste desafio de me encontrar compreendo minha vulnerabilidade ímpar para decidir sobre algo. Me vejo como um ser vazio, sugando informações muitas vezes nada útil. Não descarto a perda de tempo que me faz pensar nas tais futilidades, porém hoje, me vejo aproveitando destes momentos para refletir sobre o porque destas escolhas. Cá entre nós, futilidade também pode me causar prazer momentâneo não? Tanto para definir algo como fútil, devo de antemão sugerir um auto entender por necessitar. Novelas. Entraria nesta categoria? Ou poderia, neste momento conseguir relaxar com minha família e apenas estar neste nível, relaxamento. Porque temos manias de padronizar tudo se nada temos em comum? Radicalizei agora, não? Esqueçam, ou melhor dizendo, coloquem de lado toda a genética e /ou algo que possa ligar á outro sujeito por obséquio. Agora pense em algo que seja superficial e perda de tempo para você. Agora pense em quem leva isso á sério. Você se acha mais, ou menos do que essa pessoa por não acreditar ou compartilhar do mesmo gosto? Atente para seus julgamentos. O gostar muitas vezes está internalizado devido á Outros. Não retirando parcial "culpa" por decisão de quem á toma. Assim, podemos a partir de Chico, compactuar, ou somente observar, que padrões, como o amor perfeito, filhos estudiosos, pais maravilhosos e heróis, entre outros quaisquer tantos outros, podem fazer ou não parte de mim, porém o que faço com isto, não se deve padronizar. Sou/posso ser quem eu quiser. Posso até mesmo estar dentro dos padrões por ai, mas que eles não me censurem e me angustiem para um todo de sofrimento. Se sofro por tempo, que me recupero então perante o desejo real. (NH*)

Trilha sonora: Chico (querido Chico) Buarque - Ela faz cinema

domingo, 26 de agosto de 2012

27/08 - Então sou?

Ser psicólogo. Ser humano. SER? Sou algo? 
Nessa última etapa da graduação do curso de psicologia, penso em algumas palavras aos meus colegas psicólogos (aos futuros, como eu, e aos já profissionais), já que amanhã, nós comemoramos o dia do PSICÓLOGO.
 Á cada segundo que se passa, algo acontece no mundo. Bebês nascem, tragédias acontecem, casamentos, divórcios, amores, entre outras experiências que 'cortam' o dia a dia. Cada pessoa, á seu modo vai se configurando á partir de seu limite interno, de seus sentimentos á respeito desses cortes. Á cada momento há algo novo, mesmo que o novo se repita. Para elaborar algo tão grandioso em momentos desesperantes - digo mesmo quando alegres, pois alegria demais também assusta - há um ser, que de antemão acolhe o outro. Uma pessoa que abraça sua angústia e lhe dá espaço para se mostrar. Existem milhares de teorias, milhares de autores, entretanto o que une psicólogos é a vontade de ajudar. Ajudar alguém que perdido se encontra. Nunca seremos mágicos. Nunca seremos adivinhadores, mas podemos juntos, em um processo de escuta, frisar e orientar através do que se faz sentido ao sujeito, um caminho. Este caminho no entanto, é livre. Sim, por vezes se deparam com a angústia de um alguém que se diz ajudar, no silêncio. Este, que por si só é mesmo desesperador por vezes. O que esquecemos é de que não sabemos o que o outro quer, até que o mesmo fale. Psicologia é mais que um escutar. Também podemos subir o morro, arregaçar as mangas e irmos de encontro com a necessidade. Não estamos atados. Não somos presos em modelos. Deparamos com o estranhamento quando saímos do modelo clínico. Até nós estranhamos. Porém, sabemos que há necessidades em todos os lugares, assim como dentro de nós. Por ser a mente, nosso material de trabalho, precisamos estar em constante busca de equilíbrio mental. Psicologia para mim é então, estar em harmonia consigo mesmo, assim, com uma escuta apurada, sentir quando pontuar, quando esperar, entre outros manejos. Psicologia é estar empático para o outro. Estar comprometido naquele momento á fala exclusiva desse outro. É exercício constante em deixar pré julgamentos e moralidades nossas, virem á tona quando, necessita-se de um olhar para o sujeito. É reinventar dinâmicas de acordo com as demandas. É entrar em contato com os medos, anseios, desejos, alucinações, paranoias, sem se perder. É busca constante por algo invisível á luz dos olhos. É tornar-se mais perto de ser o que se é. É libertar-se de culpas, ou ameniza-las. É tentar chegar á uma verdade subjetiva, uma verdade para quem á conta. É saber que dessa vida, nada se sabe. É entender que existe tempo atemporal. É sair da 'mesmisse', do achismo, do pronto e imutável e se ver lançado á todas as possibilidades. É também entender que falhamos, e saber que até na falha podemos realizar um auto questionamento para melhorias. É entender que Freud, Lacan, Melaine, entre tantos fazem parte de nossas vidas, mas que eticamente, posso fazer manejos de acordo com o momento. É ser e estar, vier e deixar ir. É um orgulho poder fazer parte desse time. Feliz dia dos psicólogos. 
Por fim, que de alguma maneira, este simples texto cause algo em vocês.
*** Perdoem as simples palavras, mas meu peito transborda ansiedade. Preciso deixar fluir. (NH*)

Trilha sonora: The Black Eyed Peas - The Time

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O que de mim não suporto no outro?

"Não sei, mas algo naquela pessoa me incomoda". Alguém já falou/pensou isso de alguém? Porque me incomodo tanto com ele(a). O que nela não suporto? Será que estamos fazendo as perguntas certas? Bom, eu procuro ( sempre, ou quase sempre) fazer uma outra perguntinha. O que neste incomodo é real e quanto disso é meu? Como assim? A gente tem mania (transferências) de projetar sempre algo no outro. Isso são coisas da vida. Faz parte. Dentre essas experiências vivenciais, há algo meu que não suporto. Há aqueles desejos não vividos, sentimentos que vão se acumulando em mim, entre tantos outras lacunas reais e fantasmáticas que projeto nestes outros. Toda relação, sendo troca (palavras minhas), deixo e busco algo do outro que penso precisar. Esse processo muitas vezes inconsciente é que vai me direcionar á essas transferências. "Ah, não sei, aquela menina está me chateando". "Não suporto o jeito que ela me olha". Vamos lá, por quê será? Ela fez algo realmente para que eu a não suporte ou algo nela está mexendo com algo que é meu e ainda não me dei conta? A coitada da menina nem te conhece e te olha como olha para todos que estão neste desconhecer. Apenas com curiosidade, digamos. Essas hipóteses levantadas então para mim mesmo são de grande ajuda para tentar identificar coisas que ainda não tinha notado. Acredito que quando se consegue lidar com esta descoberta, ótimo, quando não, tornando-se angústia pura ou qualquer sentimento de sofrimento, por que não procurar um psicólogo? Alguns exercícios, posso fazer/tentar diariamente, mas quando se há um outro para pontuar alguns aspectos mais enraizados, conseguimos permear estas projeções e entrar na raiz daqueles porquês. Assim, antes de mais nada toma-se por si mesmo e procure pensar onde está o incomodo. Só te obter esse raciocínio de possibilidade de que isto é "somente seu" já nos permite abrir um leque de pensamentos deixando de lado apenas uma resposta. Refletir para uma melhoria interna, nos proporciona uma busca no qual nem sempre é fácil, mas durante esse processo, surge coisas tão fantásticas sobre si mesmo que elaborando de certo, podemos ser livres. (NH*)

Trilha sonora: Pitty - Só Agora

terça-feira, 21 de agosto de 2012

E então já não era a mesma

E se fazia toda perfume ao cair á noite. Esperou por horas. Seu cigarro queimava no cinzeiro. Todo carro que passava, pensara que era ele. O telefone toca. Uma eufórica angústia se toma. Permite um sorriso tímido. Não era de seu interesse. Retorna então ao ritual de espera, porém agora acompanhada de um dry martini. Sua azeitona, quase nem mexida é algo que se ilumina para Sophia. Questiona-se como seria ser algo não pensante, algo estável. Ri sozinha. Se torna louca, pensa. Volta a olhar para á azeitona. Algo aconteceu. Nesse intervalo de um sorriso tímido e uma azeitona estática. Já não era mais a mesma. Agora a inquietação era de outra ordem. Amedrontou-se, então. Fica sem ar. Derruba o martini. Ele chega. Como de costume, Carlos mal a olha, não se nota o perfume, tão pouco o desejo. Sobe para o banho. Sophia, que já não se sabe o que lhe acontecera, chora. Chora um choro despertar. Pensa em sumir, desistir mas nem sabe de quê. Espera Carlos descer. Recompõe-se. Volta-se o perfume, porém agora algo já se apagou. O cigarro já se queimou e seu martini, ao chão, quase que transparente, se mistura com os restos de poeira do tapete. Pobre Sophia, algo despertou.(NH*)


Trilha sonora: I Put a Spell on You - Nina Simone

sábado, 18 de agosto de 2012

Sei de mim assim?

Dor. Quem sou eu para subestimar uma dor. Dor por si só, apenas falada já dói, inquieta. Como internalizo minhas vivências é que vai me direcionar para um maior enfrentamento ou estancar por um momento. Sei que tenho possibilidades, e sei que permito entrar ou sair de tal momento angustiante. Sei também que todos somos seres únicos, com pensamentos e sentimentos únicos no qual a existência subsidia meus manejos. Assim, por ser único, não cabe a mim ou á ninguém julgar e medir a dor de um outro. Mesmo que passando pela "mesma" situação, nem mesma já é, quanto mais o sentir. Caracteriza-se por julgamento algo pré-conceituado que meus valores se colocam á frente dos sentimentos desse outro, tornando assim então minha moral e somente minha. Posso ter minhas idéias entre moralidades, mas quem sou, para imaginar que o que o outro sente é menos ou mais que tantos? Ninguém é tão algo que sabe d'outros tão bem quando nem de si dá-se conta. Nenhuma dor/angústia/sentimento é de fato falado. É sentir, logo é particular. Posso sentir um luto profundo frente á uma desilusão amorosa que me deixe marcas até quando conseguir elaborar e talvez permitir deixar de lado. Posso também sentir algo passageiro pelo mesma experiência. Posso sentir o que quiser e o quanto drama tiver de vir. Me construo aos poucos, e nessas vivências me modulo e me permito mudar. Cabe a mim, ser subjetivo, saber o que sinto e quanto de profundo há nisso. Somos tanto que não possuímos sabedoria tal grandiosa para conhecermos tanto o que no outro se manifesta. É através do que você conta que sei de algo. Sem saber onde e qual importância tal coisa tem para você, não poderei experimentar pré-julgar algo que talvez nem você tenha se tocado. Tal relação, me permito também colocar como ser humano, pois se cada um cuidasse do que é de fato seu, ( aqui retiro o caráter do desejo do Outro psicanalítico) internamente, talvez, surgiria uma relação de empatia e porque não harmonia em nosso viver? Concluo, que não há nada de errado em pensar o que é a dor para o outro, mas friso, que ao certo, o que penso não é dele e sim meu, portanto, muitas vezes o tentar adivinhar não passa de uma realização de um desejo seu para talvez ajudar este outro ou sentir-se que há um outro que precisa de você. (NH*)

Trilha sonora: Quase sem querer - Legião Urbana

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Posso ser melhor?

Tema da aula: Esperança. Parece meio bobo falar de esperança em sala não? Talvez. Pra mim, que estudo psicologia e até mesmo apenas para refletir na vida, já que meu instrumento de trabalho é a mente, logo qualquer tipo de interação para crescimento positivo, ou apenas reflexão é de grande valia, falar sobre esperança cai muito bem. Sabem que não nego uma queda imensa pela psicanálise e fenomenologia, mas não deixo de lado nada que como já citei, acrescente. Assim, falar de esperança por si mesmo é falar de acrescentar. É acreditar que irá haver mudanças. Mas esse esperar da esperança é movimento. É crença em algo interno que me move até meus objetivos, esses que mesmo materialmente exige esse mover. Na minha concepção de esperança, há um quê de subjetivo, pois me pergunto o que há de valor para as pessoas. Há aqueles que espera ganhar na loteria, aqueles que esperam reatar o namoro, os que esperam vida após a morte, entre outros mil esperar. Há então aqueles que esperam de si mesmo. Superar e melhorar a cada dia. É nesse anseio por sentimentos melhores que a psicologia positiva entra. Porque não começar de mim mesmo uma esperança de conseguir, mesmo que em pequenos passos melhorar minha confiança? E meu respeito por idosos? Cada um sabe o que seria bom melhorar. Todos temos qualidades e defeitos, mas pra que se apegar aos defeitos? Parece clichê o que vou dizer, mas porque então os clichês se repetem tanto? Há demanda. Assim, completando o raciocínio, nossa sociedade, (digo que por mais diferente a cultura, há alguma exigência em relação a ter-e-real desejo, pois em algum momento, acredita que a angústia de não saber o que é meu e do Outro irá se manifestar) permeiam nossos sentimentos de sentidos vazios, que nestes acreditamos ter sentido. Esse ciclo vicioso, por vezes causa desesperanças, depressões, entre outros tipos de incomodo. Assim, de uma maneira nada sútil porém inconsciente imagens de um falso precisar de algo bombardeiam nossa mente. Não precisamos ser radicais e apenas ter esperanças internas, mas podemos tomar-se como hábito pensamentos positivos em relação a si mesmo, a sentimentos bons e qualidades. Não é fácil, mas assim como qualquer outro hábito, cria-se um vínculo interno com algo que lhe cause satisfação, então, porque não se dar liberdade para estar melhor? É um exercício diário que não exige nada além de vontade e esperança de uma melhor qualidade de vida. Assim, tomo a liberdade e cito Becker (1979), no qual em sua experiência dizia que indivíduos com distorções cognitivas ou pensamentos automáticos no qual visavam um futuro ruim, poderiam desenvolver uma depressão, logo uma grande falta de esperança no futuro possibilita doenças psíquicas. Com isso, vemos o quão importante é ter esperança em si para uma melhoria futura. (NH*)


Trilha sonora: Empire Of The Sun - We are the people

terça-feira, 7 de agosto de 2012

E tens tempo pra pensar?

Se a vida pede um novo jeito, assim se surgirá. 
Se de novo me perco no tempo, tempo atemporal se dará. 
Meu tempo, meu jeito, meu quê de querer um novo, só feito de "nós" perturbará. 
Nem só nó, nem só novo, nem só tempo tem que dar. 
Tempo pede nós desatador de nós mesmos assim que tempo chega já. 
Que tempo é esse que persegue novo tempo de ser novo, de ser sempre algo sem ter tempo de procurar?
Que tempo é esse que se perde em tempo, não deixando tempo de se aventurar?
Tempo esse que de novo venho atento, sempre bobo, sempre tento acalmar.
Calma boba que só tempo calma sempre, sem ter pressa de chegar. 
Chega tempo de querer novo mesmo novo sendo outro já não bastar. 
Outros tempos diz aquele que não segue o novo sem deixar.
E há como seguir com tempo algo novo, sem ter tempo pra deixar?
Deixo atendo o tal do tempo, feito tempo á pensar. 

terça-feira, 17 de julho de 2012

Mas por si mesmo ou pelos Outros?


Mas então de toda vida se têm um objetivo?
Á quem a não ser a mim mesmo devo contar?
Perguntas como estas se faz/fez/fazer-se-á presente em um momento da vida, ou não. (Há quem do Outro não se questiona nada). Se não me percebo toda, (o que em alguns sentidos não me preencho mesmo) por momentos, me questiono se não só a mim devo me completar. Por horas penso se um ser existente de tanta complexidade não precisa de um Outro ditando-o o que entender. Por si só entenderíamos a essência do ser? Essência esta que por uma busca da verdade precisa-se abdicar de questões ilusórias que nos vêm a mesa? Questões que nas quais não somente nós mesmos concordamos em participar? Ora essa, assim cai em contradição dizendo que não só precisamos, como aceitamos o Outro em nossa vida. De tudo, há sempre lados. Lado que compensa, lado que me atrasa. Antes de existir somente dois lados, há interpretação diferente de cada indivíduo, logo, me atento á dizer que cada um tem seus mil lados á se pensar. Filosofia á parte, penso juntamente com um lado humanizado, já que tenho um quê de psicologia na tal da minha essência (se é que aqui, entendo bem o tema que estou á me aventurar). Soa um tanto convidativo á participar desta questão filosófica da existência, mas não deixando de lado, gostaria de propor um pensamento sobre o sentir. Sentir que podemos estar sendo algo pela "influência" também de Outros causa certa angústia, já que nos configuramos não somente nós por nós mesmos. Não há crescimento sozinho. (Aqui se fala em relação com outros). Assim, começando neste pensamento, pede-se atenção ao que se chama de relacionamentos. Este, que entende-se por qualquer relação com qualquer ser vivo, (sim, gosto de incluir animais, tanto pelo fato de acreditar que eles passam energias para nós e vice e versa, quanto aqui, de uma forma pejorativa, insinuo animais de duas patas andando por ai - DESCULPEM os conservadores- mas sim.) Dizendo assim, incluo que essa angústia, como costumo dizer, é do bem. É algo que se percebe caminhando para a essência. Não há como viver a verdade e se houver, não saberia como continuar, porém, a busca é extremamente importante. Importante que cheguemos ao máximo desta essência, e assim, quando percebemos/substituirmos a falta por outro algo, buscamos novamente. Assim se faz a vida. Por esta questão, venho vagando por respostas não convencionais em relação á perguntas pertinentes. Volta e meia voltam sentimentos antigos, doloridos, que traz a tona buracos descobertos. Que maravilha, penso em relação á crescimento. Que porcaria, penso eu, ser pensante evitando o desprazer e entrar em contato com questões não resolvidas. Ah NH, sua criança mimada. Resolva seus problemas e siga. Mas que petulante esse meu inconsciente trazendo a tona estas questões. A não ser que eu pare e resolva internamente certos incômodos, ele voltará em algum momento, atrapalhando então, minha eterna busca da essência do ser. Da paz, plenitude, que se espera alcançar. Não, não estou me baseando na bíblia. Poderia, mas não. Aqui, tenta-se colocar questões existências baseadas na vivência, o que pra mim inclui-se espiritualidade, psicologia, filosofia, entre tantas outras, porém, tenta-se também não querer ser um Outro ditador e sim facilitador do pensar. Voltando...
Pode-se dizer então que um jeito simples de se entrar em contato com a existência, é o sentir. Sentir e falar sobre isso. Quando se fala, há uma tentativa de expor algo disfarçado. Esse disfarce, vem muitas vezes na proporção que você aguenta lidar naquele momento. Não há confiança plena que este pensar irá ajudar a chegar á uma conclusão sobre, porém, o alívio de dividir a angústia é tão preciosa que por muitas vezes fabrico falta pra ter o que se procurar. Com todo esse descobrir, fico então á convidar á quem se identifica com o pensamento de eterna busca, á entrar em contato com seus "meios", para que se encontrem e encontrem o caminho da procura por sua essência. *(NH)

Trilha sonora: O Último Por do Sol -  Lenine

sábado, 16 de junho de 2012

Que mal se faz?

Em pleno fim de semestre, á meio de relatórios de psicanálise, comportamental, me pego distraída pensando ainda no dia dos namorados e como essa data afeta as pessoas. Na verdade, este é só um nome para introduzir meu pensamento, já que estou atenta á palavra esperar. Porque esperar tanto de uma data simbólica? Porque se preocupar tanto com o que o Outro quer e deseja? Este esperar vem de mim? Espero de mim? O desejo é todo meu? Sim, datas são efeitos capitalistas, porém acredito que isto vai mais além de um efeito de massa. Vai através da condicionalidade. Como assim? Penso que fomos criados para esperar e não acredito ser de todo erro. Esperar, desejar algo é muito importante. Inclusive, é na frustração da falta que desejo surge. Mas este desejo vem de onde? É novamente massa? É meu? Há tantos Outros, que nós perdemos á essência do ser, da condição pensante. Droga, acabo de ser hipócrita, pois amo o dia dos namorados e ainda sim penso. Me questiono então porque ainda esperamos tanto migalhas de mídia, do inventado, do não real? Por mim e de mim sei metade. Sei que eu/desejo/penso que entrar num jogo e aceitar algo dado é mais fácil e em certas ocasiões viver alienado (digo-momentos- não todo sempre, até mesmo porque sempre não há) pode ser apenas viver/deixar. Ao mesmo tempo, contradizendo a mim mesmo, penso que é desejar um desejo de um Outro tão seu, que se perde, portanto acredita-se ser necessário precisar daquilo. Precisar mostrar uma alegria constante, mostrar um quê de angústia de não ter. Não ter e descobrir, dói. Não ter o que não é desejo seu, dói também. Por esses dias ouvi conselhos sobre a dor. Não foi em sala de aula e não foi com alguém doutor. Foi senhor simples cuja vivência equivale a mil destes. Dor, nem sempre é ruim. Dor avisa quando o organismo sente algo estranho. Dor é preparação para cura. Com ela surge paciência (ciência da paz) - sabedoria e cura. Nunca tinha ouvido algo desse ângulo e gostei. Achei que cabe filosofar sobre tal aspecto. Cabe ainda ver a dor positivamente, pois dor já é. Completo aqui, por agora que angústia pode-se gerar felicidade. Descoberta de desejo. O caminho, de fácil nada tem, porém que mal que se têm em se descobrir? (NH*)