sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Talvez em Marte, Talvez em Vênus

Ainda é cedo, amor.
Fique mais um café, ou dois.
Me conte sobre seu dia, sobre sua dor,
Me falte com respeito por favor.

Me abrace forte e chore,
Sinta a saudade que deixou.
Escute Cartola em silêncio. Eu, quem o amou.
Ore.

Deixe-me ir.
Vá.
Dói.
Volte.

Não tivemos tempo de nos despedir.
Não há de sentir,
Dor alguma pra onde foi.
Partiu-me em dois.
Partir-me-ei um dia.
Nos vemos.
Talvez em Marte, talvez em Vênus.

Amada. Sinto sua falta.
Vênus é lindo?
Guarde um abraço pra mim.
Estou chegando. Está sorrindo?

Me distraí desde que partiu.
Sinto meus pés na lua.
Não me sinto sua,
Não há cura.

Talvez Vênus ou Marte nos aguarde.
Amar-te. À-Marte.


Dedico à meus avós, Arlindo e Maria, que faleceram este ano.
(*NH)


quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ainda é Outono.

De repente um nó. Um só. De repente lágrima. De repente vem, áspera, amarga, sem dó. De repente o sonho pesa, e acontece que, nas dúvidas, murmúreas vejo. Vejo dúvida, lamentação, frieza. Vejo loucura, inquietação. Vejo, enxergo, sinto e sinto muito. Sinto tanto que dói. Corrói. Esse enlace feito com o destino era tão sólido que me perco no abismo das possibilidades. Já não sei o que posso, devo, deveria ou ainda o que me permito. Já não sei mais pisar firme, sem olhar pros lados em uma só direção. Essa direção única que acreditei cegamente era o medo de me responsabilizar pelo que vivia. Era fácil culpar o destino ou entidade. Era fácil, mas ainda sim sentia. Sentia dor, escarrada no peito como gripe mal curada. Onde qualquer vento de outono estava pronto pra me sacudir e me deixar de cama. Sinto. Sinto muito pelos anos que me escondi numa verdade de mentira e me decepcionava por ser menos.
Era tão fácil ser menos. Menos pensamento, menos agir. Era só ir. E ir com pés firmes, espinha ereta e coisa e tal. Mas poeta algum poderia me deixar neste marasmo. Precisava mais. Mais inquietação. Mais movimento.
Ora, isso eu sempre tive. Tomei vacina de gripe forte quando pequena. Antes de me falarem das tais escolhas. Até sei que tinha escolhido ser menos, mas achei por um tempo que era o certo. Hoje nada sei. E sei menos ainda se estou certa desse não saber. O que sei mesmo, é que estou com um movimento dentro de mim. Sei que algo está sendo visto e revisto lá dentro. E não é dentro do corpo. É tipo energia. Será a gripe mal curada? Ainda é Outono. Pode ser gripe. E que remédio que cura o que me traz inquietação? Continuarei pisar firme um dia? Tenho pés chatos hoje. Não me dizem qual direção seguir. Não me guiam. Deixam-me livre, pra que o mesmo vento de outono me leve, me mova pra onde puder minh'alma acalmar. (NH*)

domingo, 5 de maio de 2013

Equilibrando-me nas próprias neuroses

A neurose é encarregada por surtar (literalmente) efeitos que bloqueiam á busca de uma (suposta) paz. O equilíbrio diário.
O cotidiano pesa. As relações pesam. O corpo pesa. E a alma então (...)
O sentido que se dá ao que se vê, faz, sente, é indispensável que haja equilíbrio. Nem sempre se vence. Nem sempre se entende o ponto em questão. O que se entende é a dor daquela neurose. É o sentimento ruim no peito. Deposita-se em um não eu (Outro) idéias fixas de certezas, uma responsabilidade de realização de expectativas que quando não correspondido, entra-se num ciclo neurótico. Angústia se toma. Inquietação, melhor dizendo. E ai a necessidade de criar-se mais neuroses. O surto está feito, silencioso.  É guardado e acumulado como se fossem fichas. É carregado como se fosse carma, preciso. Quando neste ciclo tomam-se por várias neuroses, o indivíduo, que dor se é, fala. Nem sempre de maneira significativa, mas percebe-se um quê de neurose em linguagem. Simboliza até na quietude.
Foi dada a largada de competição do real e do que se imagina ser. Ora, então o que imagino não pode condizer com o que vivo? É um tanto quanto angustiante saber que estamos á mercê de nós mesmos. Que criamos nossos "monstros". É estranho não poder culpar um outro do que sentimos, afinal, aprendemos que devemos tomar cuidado com o que fala pra não magoar ninguém, e coisas parecidas. Não precisamos nos desapegar de ensinamentos de avós, mães, mas podemos entender que somos responsáveis pelo que imaginamos e nada de culpa há no Outro. Não se pode esperar que este Outro seja completude de algo que lhe falte. Somos um através de vários, mas ainda um. (NH*)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Poderia ser um caso clínico, mas é só o cotidiano.

Pode haver tanto barulho no silêncio, assim como um vazio enorme quando se fala, bem assim, como Joana. Ela ama o mar, mas morre de medo de água. Tem medo porque sua mãe já se afogou, e seu medo antecipado  fora projetado naturalmente em seu ser. Ela tem um grande nó por esse medo. Sente calafrios quando entra dentro d'água, mas ora é por deslumbrar de algo tão gigante, ora por tal medo suposto de talvez se perder pelas ondas que batem em seu corpo. Também morre de medo de altura, este que não sabe explicar de onde surge, porém, só pra contrastar, só pra ser normal, ela adora montanhas russas. Um dia ela ainda pula de para quedas, para pente ou para qualquer coisa. Eu vejo Joana tão normal, tão ela, tão outros. Tem uma angústia no ser da existência, mas também que fora imposto. Joana pensa, pensa e não acha motivo pra ser assim, tão melancólica. E nem digo isso no sentido da palavra, pois há alguma instância desejante. É da vida, mas também foi colocado ali. De certa forma, também pensa ter culpa, pois escolhe deixar-se ter medo, mesmo sem saber que deixa. Pode ser por descuido ou por ainda ingenuidade. Pode ser tantas aspas, tantas vírgulas. Pode ainda ser só o cotidiano, a vida ali, sendo vivida. A construção do ser, de anseios, medos, é consequência de um tanto, que não há nada á se descartar. Tudo é possibilidade. É dizer á Joana, que ela pode ser assim, contrastes. Amor, ódio, medo, desejo. Ela pode ter opostos em seu ser. Pois bem. É novamente da vida. Desse jeitinho mesmo, contrastes gritantes. Contrastes que se mostram juntos. Opostos. Aquela velha história de se completar, pra mim tem fundamento. A pessoa se completa com ela mesmo de porções, mas por mais estranho que pareça, nunca preenchida, completa no sentido de fim. A pessoa se constrói através de desejos, por mais diverso que seja. A pessoa está algo. Ela cresce, muda, regride, progride. Se bem que progredir só estaríamos falando em fases, não é? Pois acredito que não há um rumo certo á se seguir. Há sentidos diferentes pra cada um. Assim como Joana, também tenho meus contrastes. Há muito deles que nem sei, nem percebo, e talvez, novamente pelo cotidiano. Por não dar atenção á o que eu mesma tenho dito, mesmo que assim, pra mim mesmo, mesmo que assim disfarçado. É bom se perceber de vez em quando. É bom, mas também difícil. Quando se há muito barulho, não há por vezes como suportar o que lhe fala. A gente não dá conta, literalmente, em alguns momentos. Precisa-se de uma reinvenção de estratégias. Uma escuta apurada do que se realmente pensa, se faz. É preciso separar-se de um outro para saber o que lhe pertence. Mas á meio de tanta informação, se consegue se entender? O que eu acredito, é que se há desejo para que isto aconteça, mesmo que naturalmente e despercebido, a gente vai se entendendo e quando se há condições, simbolizando nossos reais sentimentos. *(NH)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Minha sapatilha já não me cabe mais.

E numa busca sem fim se faz por inteira. Inteiramente desconectada, por não saber o que lhe cabe. Esse desconectar vêm de seu ser, de sua falta, do seu fabricar. Conecta com o mundo assim, inteiramente pelas metades. Assim diz pois ainda não está completa - (se é que um dia possa ser) - porém diz também por não deixar tomar-se por algo que não é. Toma-se pelo desejo constante de buscar um quê de seu até mesmo pelas bordas. Se dá através dos Outros também. É dança. É movimento. É pura angústia da existência que por vezes confunde-se com tristeza, com solidão. Vive para si como se não houvesse mais nada, bem, acredita nisto, mas ainda cumprimenta seu porteiro com sorrisos. Sua meia calça rasgada, sim, aquela d'outro conto está no chão, perto de sua cama, perto também do seu antigo urso azul calcinha. Essa menina mulher está crescendo e já não lhe cabem mais suas sapatilhas, o que a machuca por dentro. Machuca também saber que não se interessa mais por bandas clichês e que seus gostos parecem não ser desse mundo. Suas idéias são de inteira colocação política e literária e ri de quem a convida pra uma balada. Só dança rock n' roll, e é com os olhos. Faz caretas por trás das pessoas e ri deste costume. Acha que por isso não podem levá-la a sério e nem sabe se realmente quer isto. De sério, já bastam as patéticas discussões internas de ser quem se deve ser. É na verdade uma flor igual - como se pode ser/dizer por ai - á muitos outros jardins, o que a difere é o despertar pra si tão dentro dela mesmo que se perde por horas em seu mundo. Mundo este que nem sabe qual é, mas é um refúgio da ideologia de ser melhor. Espera apenas ser algo parecido com ela mesma. *(NH)

*Trilha sonora: Janis Joplin - Mercedes Benz 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Coisa d'alma

Se você pede pra que o Outro seja ele, contato com você mesmo surge-se aos poucos.É daí as reticências, as exigências, as intolerâncias.Surge o espelho de seu ser. Entra em contato com aquilo que não se suporta, aquilo que tem-se vergonha. Lança-se num escuro ciclo. O de estar com seu lado B, sendo que A é o falso ser, o acessível e explorável pela sociedade. O B é sombra, mas não aspecto ruim. É apenas opaco, mais profundo. É o não acessado - ou melhor dizendo, de mais difícil acesso. Tomo por meu, aquilo que me incomoda no Outro que julgo ser dele. Tais implicações, penso ser o x da questão dos relacionamentos num todo. Se á mim me incomoda, é meu. Se do Outro se toma de forma á ser movimento, também tem do Outro, mas que por hora ainda não sei. Atentar-se para o peito cismado. A cuca de leve as vezes se perde, mas d'alma - eis que também sexto sentido, fatos, inconsciente, entre tantos - não se preocupes. É quase uma dança este ciclo. É um vai e vem de épocas e estado. É entra e sai sem pedir permissão, mas que só fica se permitires. (NH*)

Trilha sonora: Chega de saudade - Vinicius de Morais

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

...e no coração ficará!

Algumas vezes duvidei do ditado é preciso estar perdendo pra dar valor. Ainda não concordo de um todo, porém me faz tanto sentido estar em meio á uma dor antecipada de estar diante do abandonar de uma rotina, que por vezes implorei que acabasse. É, bem típico do ser humano. Eu, toda gigante, lançada no mundo me vejo aflita em despedir-me da mesma. Estudar em uma Universidade, vai além dos conceitos adquiridos  Vai além do acúmulo de conhecimento, estes que nem sempre se acumulam. Faz parte os choros, as bebedeiras, as festas, os arrependimentos, os sorrisos, as viagens, os estágios, a competição, os sacrifícios, as saudades, os desejos, as confidencias, os ritos e porque não, as despedidas.  Quando você se toca, já está no último semestre desejando poder repetir tudo outra vez. Talvez isso é que nos faça aproveitar. É olhar para trás e ver tudo o que foi conquistado. Todos que passaram por nossas vidas. Talvez seja parte de nós mesmos precisar chegar perto de um fim, pra entender que estamos vivos. Que exalamos vivências e experiências. Que não somos sozinhos no mundo e que mesmo que seja meu caminho á seguir daqui em diante, levarei comigo muitas pessoas. Levarei comigo muitos sorrisos, muito carinho, muitos telefonemas de madrugada. Levarei comigo um aprender a dividir, á trabalhar em equipe, á ser mais desencanada, esperar mais, repeitar mais, desejar mais, saber que posso mais e sem perder a essência. Na verdade, e digo de peito aberto, espero que minha essência seja tocada por cada paciente que atendi, cada Mestre que me orientou e cada amiga que me levantou. Espero sair da faculdade bem diferente do que entrei. Bem mais eu, bem mais aberta á possibilidades, bem mais livre e responsável. Espero que saiba lidar com as frustrações, com as limitações e com as decepções. É esperar mesmo um viver melhor. A nostalgia bate á cada momento que vejo o calendário e acredito ficar assim até mesmo depois da formatura, esta que já antecipo choros de um  despertar de consciência, de esperança e de amizade. Um despertar pra nova fase que vier, pros novos amigos que conquistar. A fé em Deus, em nós e em mim, levo comigo, porque tudo que passamos vale e vale muito. Obrigada meus amigos, Obrigada Mestres, obrigada Família. Obrigada meu Deus! (Formando fellings) 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A-pena-s de mim?

Não aguentava mais as tranças de sentimentos que me encontrava. Já não sabia mais o que era meu. O que me pertencia. - Mas digo, há algo me pertence neste mundo? - Passagem já não é? Sei que deixo e recebo um pouco, como diz  "novos baianos", mas sinto que não estou levando nada a não ser patadas, bordoadas e até belos tapas. As tranças que me encontrava é de tal perigo pois é de mulher perigosa, reluzente, sedutora. As tranças tem bocas e olhos. Olhos de serpentes. Sinto nó. Me apeguei á tal trança que me deixei enforcar. - Digo, deixo-me pois ainda penso. Apesar de pensar, me entrego com um certo gosto á estupidez de ir de encontro á tais tranças. Não me encontrar causa certa angústia, mas é passageira. Quando cavoco á fundo, ou pelo menos passo do raso, já me encontro em profunda melancolia. Me desespero tentando controlar o incontrolável. Sei que já não sou inocente e isso me aquieta. Me aquieta para me aprofundar em quem sou, mesmo sendo dor, sendo drama, sendo drástico. Talvez sendo tudo isso, explosão, sei de mim. Quando me tento pro sossego, percebo que me inquieto mais do que quando encontro tranças devastadoras. Percebo mais do outro que de mim. Mais do mundo que de mim. E eu não quero ser mais eu? Penso que meus sentimentos lançados me causam medo. Chego no não inocente. Meu profundo, meu fundo, sente que sabe de mais. Sente que sente de mais e por sentir, não sabe o que faz. Tem jeito? Me questiono. Me perdi por ai. Me perdi em mim mesmo, no outro, nos outros, em todos. Ora assim os novos baianos tem mais razão que a própria razão? Ninguém vive só. Ou vive? Se vive não quero. Não posso. Até por que me sinto tantos que sozinho jamais estarei. (NH*)

Trilha sonora: Novos baianos - Mistério do planeta ( AVÁ! )

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O que eu também não entendo.

A subjetividade de cada um, vai além dos nossos entendimentos. Sou adepta ao não entender, porém, busco constantemente encontrar de alguma maneira, ser justa á mim mesmo quando não entendo. O exercício de deixar pra lá e relevar algumas coisas da vida é tão válido e importante quanto o não deixar por vezes.  Verificar o porque de tais sentimentos, assim como o não entender, é de extrema dificuldade para muitos. Eu, por exemplo, não entendo algumas pessoas guardar certas mágoas por pouco. Falo aqui de alguns aspectos que para mim são irrelevantes. Talvez, tais pensamentos só cabem á mim e semelhantes e talvez ainda, por estar nesta determinada fase de vida que me encontro. Sei que somos também seres flutuantes, tais quais podem mudar de opinião. Assim, vejo que poucas coisas, que não nos fazem bem, que nos magoa, também outrora serve para aprendizado, e então, experiência. Pensando de tal maneira, porque há aqueles que se apegam e aquietam-se em fantasmas passados? Digo aqui, sobre mesmo peso, bobeirinhas á assuntos graves, já, que para cada um, o sofrimento cabe de maneira única. Sofrer faz parte. Faz parte ainda a elaboração deste sofrimento e a superação do mesmo. Algo que insiste em voltar para "atormentar" os pensamentos, podem ser controlados. Nosso inconsciente pode trazer á tona muito dos nossos medos e desejos, porém nós temos o poder de decidir o que fazer com o que nos vem. Quando há chance para se conversar sobre algum assunto, por que não o fazer? Tenho o costume de brincar comigo mesmo em algumas situações de decisão, que -por exemplo- já tenho o não, porque então não tentar algo diferente? Digo á mim mesmo que posso ter outras possibilidades. Posso errar e posso acertar.Tudo é probabilidade e lançar-se na vida. Bobeira ou não, não sofro quando tenho pensamentos positivos sobre tal coisa. Se algo não sai como gostaria, mesmo frustrada, penso que há outros dias, outras chances, outras possibilidades. Não, não sou mágica, nem falo que isso é fácil e muito menos que consigo sempre, mas digo que se consigo elaborar e entender o porque de algo o processo de relevar e tentar outro meio me parece bem útil. Volto então no aspecto do não entender. Não entendo então, porque algo pequeno nos trava por vezes. Não entendo o porque nos deixamos travar. Não entendo de forma inconformada e não simplesmente não entender. Posso acompanhar o raciocínio de alguém que não aceita e fim, porém não entendo como nos permitimos deixar algumas situações nos abalar. Poderíamos simplesmente deixar pra lá. Poderíamos apenas relevar. É, talvez até existam pessoas assim, mas na maioria das vezes não aquietamos. Inquietamo-nos então e não satisfeitos inquietamos o outro.  Nos incomoda mais o fato de alguém nos magoar do que de fato o porque me magoei com aquilo que o outro - talvez nem exista um outro - me disse/fez. Talvez consigo mesmo supõe-se algo e fixa-se naquilo. Pela subjetividade não existe então regras, mas podemos dizer para nós mesmos, em momentos de raivas, mágoas, entre coisas do tipo, que há possibilidade de relevar, de conversar sobre, de apenas filtrar e de também extrapolar. Há a possibilidade da pessoa perceber daquilo discutido, o que realmente importa. Através do sofrimento as pessoas crescem, se adequam e se superam. Através da dor, pode-se criar estratégias para o que importa.  Pode-se também ficar estancado de peito fechado e de braços atados. Pode-se tomar decisões ou simplesmente esperar. Pode-se fazer o que se bem entende, mas não seria melhor poder escolher estar em paz? Este estado não se remete apenas á calmaria, mas sim á coração leve. Digo aqui, você poder ser você e pensar por você. Digo também á um poder responsabilizar-se por uma escolha e seguir, seja qual for. O caminho para estar bem, é descobrir seus limites, anseios, desejos, entre outros em proporções que lhe fazem estar perto de si mesmo. É aceitar o seu jeito e dentro das possibilidades buscar o equilíbrio e o melhor pra si mesmo. Sobre relevar, á mim, cabe muita coisa. Vivo conforme a música, mas eu troco e sei que por vezes o ritmo pode mudar. Buscar estar em um estado de espírito que me permite dizer estar em paz, é o que me move á relevar certas coisas, o que me faz buscar entender o que eu também não entendo. *(NH)

Trilha sonora: (I've Had) The time of my life - Dirty Dancing

terça-feira, 25 de setembro de 2012

De sombra á luz o amor se dá.

Os contos de fadas estão modernos. Não se perde mais o sapatinho, se deixa o telefone, e-mail, Skype. A mulher procura além do carinho, se certificar que seu companheiro irá apoiá-la e acompanhá-la em suas decisões diárias. Isso inclui desde te "salvar", porque está perdida em um trânsito estressante, á planos sobre sua futura carreira. Ele é sensível, amoroso, de opinião, inteligente e te escuta. É um coquetel de todo complexo de édipo. Também há a questão de poder ser você mesmo, cheia de pacotes emaranhados de outras experiências. Poder chorar no ombro de alguém que não importa com suas curvas mais acentuadas, aliás, pra ele, isto torna-se um charme. Isso sim é um conto de fadas. É você poder contar seus maiores fantasmas e ele rir, dizendo que você está segura, porque além de você ser inteligente, você tem os braços fortes dele que lhe confortam. O amor, está mais presente nos detalhes, e os detalhes, mesmo que se momentos insuportáveis, ajudam a crescer, amadurecer e compreender seu companheiro. Seus medos são compartilhados. Seus sonhos também. Você tem vontade de ver a pessoa amada no meio de uma aula sobre neuroanatomia. você percebe que um objeto qualquer, como um marca texto, pode representar um sentimento maravilhoso, pois daquele simples objeto, algo fora compartilhado. Contos de fada para mim, é esperar o despertar com um beijo de bom dia. É em dias de chuva, você se deixar sentir medo dos trovões e saber que mesmo que chova durante tempos, o sol vai retornar. É saber que diante de muitas possibilidades, você escolheu e foi escolhida. Quando se toma por romantismo, o dia a dia de um apaixonado para os esperançosos se torna quase um poema. Há aqueles que se enjoam da melação. Acontece. Eu já provei de ambos os lados. Hoje provo do amor. Eu entendo o amor, como algo subjetivo, como muitas outras coisas da vida. Entendo que vai de se permitir, entregar e  sobre trocas. Acredito também que o amor tem suas sombras e que pra sermos e sentirmos amadas é necessário o conhecimento das mesmas. É necessário provar do que se desgosta para saber o que prevalece em uma relação. Aqui me especifico em relacionamento entre dois amantes, porém não restrinjo minha opinião á somente este. Me permito integrar em todas as relações. Hoje em específico, no auge de muitos aspectos de minha vida, vejo entregue ao verbo amar. Neste verbo, me sujeito modificá-lo dizendo que se conjuga juntamente com mais tantos outros. O amar vem com respeitar, doar, compartilhar, desvendar, rolar, permitir, desgostar, chorar, sorrir... 
O verbo amar está á tantos outros que não saberia descrever o amor. Discorreria uma série de sentimentos que me veem á cabeça que nem sempre são luz. De todos verbos, acredito que este seja especial, pois poetas se esbanjam desta palavra. Poetas que se entregam e se inspiram diariamente em decepções amorosas, deleites, e estranhos amores. Poetas que se entregam a magia de um sentimento não tão mágico assim, cientificamente falando. Se falarmos de substância, o amor libera dopamina, trazendo a sensação prazerosa e então somente isto. É claro que o desprazer de tantas horas não é gostoso, porém de alguma forma, algo de bom se faz. Há uma experiência em relação ao que se passou. Este post, é quase que uma declaração. É bem em primeira pessoa (não que os outros não sejam, já que a autora, no caso eu, se dá de algum jeito em palavras por vezes). Hoje, meu dia de número ímpar por vários motivos está mais cheio de sombras e luz, porém a última se sobressai. Não sou supersticiosa, mas não descarto alguns ritos. Pode se dar por hábitos á sentimentos de fé em algo. Digo por exemplo então o que eu tenho com o número 7. Nasci no dia 7, e isso já se faz especial para mim. Foi meu marco nesta vida, meu início, e outros "setes" podem se tornar também inícios de ciclos. Como essa fé em poder começar ciclos, tenho pra mim, que encontrei meu príncipe dos contos de fadas. Tenho pra mim que ele veio não resgatar alguém - se não á mim, quem? - mas mostrar-me o melhor e o pior de mim.  Tenho, como se fosse vítima de mim mesmo e portanto desejo, um príncipe bem real e sem mera realeza (não contando com sua educação de lorde). De princípio básico, onde se parte desta educação singela e respeitosa, de voz aveludada e lindos olhos negros se dá um homem mais que companheiro. Um formador de opinião. Um sujeito que respira e aspira crescimento. Seus desejos e inteligencia se destaca destes olhos negros. O sorriso, branco e desarmador demostra a dedicação e lealdade para consigo mesmo. A rasgação de seda é pouca perto deste apaixonante homem. Poderia assim como tantas outras paixões de vida - família, amigos - por horas e horas e talvez á fundo, anos colocar em palavras o que se sente quando se está apaixonada, mas o melhor é que já fizeram e fazem á todo momento poetas por ai. Me dedico somente á sentir. Sinto um grande alívio poder sentir e deixar-me ir por este tão não somente verbo amar. Eu, que em palavras expresso por vezes sentimentos mais profundos, não saberia contar o que se passa em um coração apaixonado. O desejo antecipa o ato. Consigo apenas dizer que permitir sentir é uma boa forma de se conhecer. Permito- me também sofrer quando decido me lançar á tal sentimento, assim como qualquer outro. Estamos sujeitos á tudo e isto mesmo que amedrontador é instigante, assim como aqueles olhos negros. Então, em meio á declarações, permissões, e mistérios, fico á mercê de um conhecer-nos na mais profunda troca. Te amo meu amor. (NH*)

Trilha sonora: Eric Clapton - Wonderful Tonight