sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Talvez em Marte, Talvez em Vênus

Ainda é cedo, amor.
Fique mais um café, ou dois.
Me conte sobre seu dia, sobre sua dor,
Me falte com respeito por favor.

Me abrace forte e chore,
Sinta a saudade que deixou.
Escute Cartola em silêncio. Eu, quem o amou.
Ore.

Deixe-me ir.
Vá.
Dói.
Volte.

Não tivemos tempo de nos despedir.
Não há de sentir,
Dor alguma pra onde foi.
Partiu-me em dois.
Partir-me-ei um dia.
Nos vemos.
Talvez em Marte, talvez em Vênus.

Amada. Sinto sua falta.
Vênus é lindo?
Guarde um abraço pra mim.
Estou chegando. Está sorrindo?

Me distraí desde que partiu.
Sinto meus pés na lua.
Não me sinto sua,
Não há cura.

Talvez Vênus ou Marte nos aguarde.
Amar-te. À-Marte.


Dedico à meus avós, Arlindo e Maria, que faleceram este ano.
(*NH)