domingo, 29 de maio de 2011

Olha eu indo...

LUTO. Engraçado como essa palavra se faz presente na vida das pessoas todo dia, seja inconscientemente falando ou até mesmo estampado na cara. Todo dia têm-se escolhas, logo perdas. Todo dia muda-se um pouco, transforma-se um pouco, mesmo que não acrescente nada. Aqui se faz algo não explícito por hora. Se dá minuciosamente. Se não se pensa nisso, mal  percebe. Talvez seja esse um dos porquês dos corações apertados sem "motivo" aparente. Talvez seja esse o medo, o desânimo e a fadiga da vida, mas também pode ser aquilo que te motive, que te cative e que o faz seguir. Escolhas, escolhas, escolhas. Na vida tudo tem alguns bons lados. Não são dois para minha pessoa. Sou livre pra me ver em dúvida á tudo e a todo momento. Posso mudar de opinião. Posso mudar meus valores, minhas atitudes. Posso me transformar e evoluir. Mas as vezes me surge ao pé do ouvido alguns ruídos do que já se viveu, um som incomodo tentando me puxar. Me dá um medo, um desespero. E nessa onda me invade uma tristeza, um quê de solidão. Me vejo estranhamente perdida. Daquelas que correm lágrimas por detalhes, por olhares, por desprezo. Bate uma insegurança diante do nada ou tudo dependendo de como se vê, bate um quê de carência, demência, resistência. Cabe somente a restrição, a dúvida e o desconforto. Aquele ruído não tem hora e entra sem avisar. É como uma dor de dente. Incomoda. Diante das escolhas, que hora acredita ser melhor tomar uma decisão? E que decisão tomar? Me apego a uma filosofia antiga, filosofia de mãe. Me apego ao meu coração. Nessa hora não se fala em razão, se fala em sentido. Me apego de um tanto que quando vi já fui escolhida por um lado, e olha que esse lado só se faz bem enquanto há sentindo. No entanto se apegando me sinto, por vezes olho pra trás. Isso ainda pode-se fazer em algumas dúvidas, mas aqui as dúvidas já são por outros carnavais. Porque daquela água, nem essência se dá mais. Já foi, já mudou, já transformou. E sigo nesse fluxo. Olha eu seguindo. "FONDO", indo... *(NH)

Trilha sonora: Tom Jobim - Wave

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sinto muito

Enquanto houver abraços, há esperança,
Enquanto houver esperança, há movimento,
E nesse movimento de ir, vou me indo,
Vou me permitindo, vou sentindo e,
Sinto muito. Sinto por estar indo, sinto por deixar,
Sinto por ter de escolher e sinto somente.
Sinto tanto que me sinto [só] sentindo, mas sem sentido.

Sinto só. Somente sinto.


Nesse sentir todo não me sinto um todo, nem sinto presença,
Sinto ausência, sinto ânsia, mas ainda sinto.
Vou me indo então, vou lançada, vou com medo, mas indo,
Vou me indo em outra direção.
Calada, atenta, perdida.
Sentindo.

Pressinto. Pré-sinto. Sinto.


Á que se pode apontar esse sentido?
Á que valor e que tamanho é esse que vós dou?
Senti-dó. De quem/á quem?


Vou me indo, indo, fondo.

*(NH)

Trilha sonora: Keane - Somewhere only we know

terça-feira, 3 de maio de 2011

Como uma onda...

Eu que tenho tanto sou nada. Mas um nada repleto de tudo. Se me veres como queres, me verá sendo isso ou aquilo, e eu também lhe verei assim. Assim desse jeito tão tudo/nada, estando sempre sendo. Eu que continuo,  paro as vezes, mas volto a continuar. Eu que respiro mudanças me sinto mar. Minhas ondas batem, minhas ondas quebram e nunca mais voltam. Ora fico triste, ora desejei que algumas ondas não voltassem, mas sempre me vêem ondas novas, lindas que acabam naquele encontro comigo mesmo em minutos, segundos, centésimos...Tomar-se consciência o faço em alguns momentos. Experimento as ondas no mais puro sentido, mesmo banal pra quem não me vê mar, porém me perco em algumas ondas, me afogo e deixo levar. É tão sossegado, é tão calmo que me sinto morta. E assim faço. Morro pra vida. Em meio á tormenta mais calma que me encontro, percebo algo que me tira o ar. Descubro que já não me faz sentido viver aquelas ondas, passar pela tormenta cegamente. Me vejo inquieta e com medo. Fujo do medo, fujo dos sintomas, me escondo de tudo, menos da angústia. Olha ela ai me fazendo acordar. Olha ela ai me mostrando outras ondas. Eu com minha bagagem pasmo e me torno responsável então. Posso alienar-me conscientemente? Posso escolher o não agora? Sei que sim e é isso que me atordoa. é ser livre pra poder estar na posição que eu achar melhor, seja ela qual for.*(NH)

Trilha sonora: Quase nada - Zeca Baleiro