domingo, 5 de maio de 2013

Equilibrando-me nas próprias neuroses

A neurose é encarregada por surtar (literalmente) efeitos que bloqueiam á busca de uma (suposta) paz. O equilíbrio diário.
O cotidiano pesa. As relações pesam. O corpo pesa. E a alma então (...)
O sentido que se dá ao que se vê, faz, sente, é indispensável que haja equilíbrio. Nem sempre se vence. Nem sempre se entende o ponto em questão. O que se entende é a dor daquela neurose. É o sentimento ruim no peito. Deposita-se em um não eu (Outro) idéias fixas de certezas, uma responsabilidade de realização de expectativas que quando não correspondido, entra-se num ciclo neurótico. Angústia se toma. Inquietação, melhor dizendo. E ai a necessidade de criar-se mais neuroses. O surto está feito, silencioso.  É guardado e acumulado como se fossem fichas. É carregado como se fosse carma, preciso. Quando neste ciclo tomam-se por várias neuroses, o indivíduo, que dor se é, fala. Nem sempre de maneira significativa, mas percebe-se um quê de neurose em linguagem. Simboliza até na quietude.
Foi dada a largada de competição do real e do que se imagina ser. Ora, então o que imagino não pode condizer com o que vivo? É um tanto quanto angustiante saber que estamos á mercê de nós mesmos. Que criamos nossos "monstros". É estranho não poder culpar um outro do que sentimos, afinal, aprendemos que devemos tomar cuidado com o que fala pra não magoar ninguém, e coisas parecidas. Não precisamos nos desapegar de ensinamentos de avós, mães, mas podemos entender que somos responsáveis pelo que imaginamos e nada de culpa há no Outro. Não se pode esperar que este Outro seja completude de algo que lhe falte. Somos um através de vários, mas ainda um. (NH*)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Poderia ser um caso clínico, mas é só o cotidiano.

Pode haver tanto barulho no silêncio, assim como um vazio enorme quando se fala, bem assim, como Joana. Ela ama o mar, mas morre de medo de água. Tem medo porque sua mãe já se afogou, e seu medo antecipado  fora projetado naturalmente em seu ser. Ela tem um grande nó por esse medo. Sente calafrios quando entra dentro d'água, mas ora é por deslumbrar de algo tão gigante, ora por tal medo suposto de talvez se perder pelas ondas que batem em seu corpo. Também morre de medo de altura, este que não sabe explicar de onde surge, porém, só pra contrastar, só pra ser normal, ela adora montanhas russas. Um dia ela ainda pula de para quedas, para pente ou para qualquer coisa. Eu vejo Joana tão normal, tão ela, tão outros. Tem uma angústia no ser da existência, mas também que fora imposto. Joana pensa, pensa e não acha motivo pra ser assim, tão melancólica. E nem digo isso no sentido da palavra, pois há alguma instância desejante. É da vida, mas também foi colocado ali. De certa forma, também pensa ter culpa, pois escolhe deixar-se ter medo, mesmo sem saber que deixa. Pode ser por descuido ou por ainda ingenuidade. Pode ser tantas aspas, tantas vírgulas. Pode ainda ser só o cotidiano, a vida ali, sendo vivida. A construção do ser, de anseios, medos, é consequência de um tanto, que não há nada á se descartar. Tudo é possibilidade. É dizer á Joana, que ela pode ser assim, contrastes. Amor, ódio, medo, desejo. Ela pode ter opostos em seu ser. Pois bem. É novamente da vida. Desse jeitinho mesmo, contrastes gritantes. Contrastes que se mostram juntos. Opostos. Aquela velha história de se completar, pra mim tem fundamento. A pessoa se completa com ela mesmo de porções, mas por mais estranho que pareça, nunca preenchida, completa no sentido de fim. A pessoa se constrói através de desejos, por mais diverso que seja. A pessoa está algo. Ela cresce, muda, regride, progride. Se bem que progredir só estaríamos falando em fases, não é? Pois acredito que não há um rumo certo á se seguir. Há sentidos diferentes pra cada um. Assim como Joana, também tenho meus contrastes. Há muito deles que nem sei, nem percebo, e talvez, novamente pelo cotidiano. Por não dar atenção á o que eu mesma tenho dito, mesmo que assim, pra mim mesmo, mesmo que assim disfarçado. É bom se perceber de vez em quando. É bom, mas também difícil. Quando se há muito barulho, não há por vezes como suportar o que lhe fala. A gente não dá conta, literalmente, em alguns momentos. Precisa-se de uma reinvenção de estratégias. Uma escuta apurada do que se realmente pensa, se faz. É preciso separar-se de um outro para saber o que lhe pertence. Mas á meio de tanta informação, se consegue se entender? O que eu acredito, é que se há desejo para que isto aconteça, mesmo que naturalmente e despercebido, a gente vai se entendendo e quando se há condições, simbolizando nossos reais sentimentos. *(NH)