domingo, 26 de agosto de 2012

27/08 - Então sou?

Ser psicólogo. Ser humano. SER? Sou algo? 
Nessa última etapa da graduação do curso de psicologia, penso em algumas palavras aos meus colegas psicólogos (aos futuros, como eu, e aos já profissionais), já que amanhã, nós comemoramos o dia do PSICÓLOGO.
 Á cada segundo que se passa, algo acontece no mundo. Bebês nascem, tragédias acontecem, casamentos, divórcios, amores, entre outras experiências que 'cortam' o dia a dia. Cada pessoa, á seu modo vai se configurando á partir de seu limite interno, de seus sentimentos á respeito desses cortes. Á cada momento há algo novo, mesmo que o novo se repita. Para elaborar algo tão grandioso em momentos desesperantes - digo mesmo quando alegres, pois alegria demais também assusta - há um ser, que de antemão acolhe o outro. Uma pessoa que abraça sua angústia e lhe dá espaço para se mostrar. Existem milhares de teorias, milhares de autores, entretanto o que une psicólogos é a vontade de ajudar. Ajudar alguém que perdido se encontra. Nunca seremos mágicos. Nunca seremos adivinhadores, mas podemos juntos, em um processo de escuta, frisar e orientar através do que se faz sentido ao sujeito, um caminho. Este caminho no entanto, é livre. Sim, por vezes se deparam com a angústia de um alguém que se diz ajudar, no silêncio. Este, que por si só é mesmo desesperador por vezes. O que esquecemos é de que não sabemos o que o outro quer, até que o mesmo fale. Psicologia é mais que um escutar. Também podemos subir o morro, arregaçar as mangas e irmos de encontro com a necessidade. Não estamos atados. Não somos presos em modelos. Deparamos com o estranhamento quando saímos do modelo clínico. Até nós estranhamos. Porém, sabemos que há necessidades em todos os lugares, assim como dentro de nós. Por ser a mente, nosso material de trabalho, precisamos estar em constante busca de equilíbrio mental. Psicologia para mim é então, estar em harmonia consigo mesmo, assim, com uma escuta apurada, sentir quando pontuar, quando esperar, entre outros manejos. Psicologia é estar empático para o outro. Estar comprometido naquele momento á fala exclusiva desse outro. É exercício constante em deixar pré julgamentos e moralidades nossas, virem á tona quando, necessita-se de um olhar para o sujeito. É reinventar dinâmicas de acordo com as demandas. É entrar em contato com os medos, anseios, desejos, alucinações, paranoias, sem se perder. É busca constante por algo invisível á luz dos olhos. É tornar-se mais perto de ser o que se é. É libertar-se de culpas, ou ameniza-las. É tentar chegar á uma verdade subjetiva, uma verdade para quem á conta. É saber que dessa vida, nada se sabe. É entender que existe tempo atemporal. É sair da 'mesmisse', do achismo, do pronto e imutável e se ver lançado á todas as possibilidades. É também entender que falhamos, e saber que até na falha podemos realizar um auto questionamento para melhorias. É entender que Freud, Lacan, Melaine, entre tantos fazem parte de nossas vidas, mas que eticamente, posso fazer manejos de acordo com o momento. É ser e estar, vier e deixar ir. É um orgulho poder fazer parte desse time. Feliz dia dos psicólogos. 
Por fim, que de alguma maneira, este simples texto cause algo em vocês.
*** Perdoem as simples palavras, mas meu peito transborda ansiedade. Preciso deixar fluir. (NH*)

Trilha sonora: The Black Eyed Peas - The Time

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O que de mim não suporto no outro?

"Não sei, mas algo naquela pessoa me incomoda". Alguém já falou/pensou isso de alguém? Porque me incomodo tanto com ele(a). O que nela não suporto? Será que estamos fazendo as perguntas certas? Bom, eu procuro ( sempre, ou quase sempre) fazer uma outra perguntinha. O que neste incomodo é real e quanto disso é meu? Como assim? A gente tem mania (transferências) de projetar sempre algo no outro. Isso são coisas da vida. Faz parte. Dentre essas experiências vivenciais, há algo meu que não suporto. Há aqueles desejos não vividos, sentimentos que vão se acumulando em mim, entre tantos outras lacunas reais e fantasmáticas que projeto nestes outros. Toda relação, sendo troca (palavras minhas), deixo e busco algo do outro que penso precisar. Esse processo muitas vezes inconsciente é que vai me direcionar á essas transferências. "Ah, não sei, aquela menina está me chateando". "Não suporto o jeito que ela me olha". Vamos lá, por quê será? Ela fez algo realmente para que eu a não suporte ou algo nela está mexendo com algo que é meu e ainda não me dei conta? A coitada da menina nem te conhece e te olha como olha para todos que estão neste desconhecer. Apenas com curiosidade, digamos. Essas hipóteses levantadas então para mim mesmo são de grande ajuda para tentar identificar coisas que ainda não tinha notado. Acredito que quando se consegue lidar com esta descoberta, ótimo, quando não, tornando-se angústia pura ou qualquer sentimento de sofrimento, por que não procurar um psicólogo? Alguns exercícios, posso fazer/tentar diariamente, mas quando se há um outro para pontuar alguns aspectos mais enraizados, conseguimos permear estas projeções e entrar na raiz daqueles porquês. Assim, antes de mais nada toma-se por si mesmo e procure pensar onde está o incomodo. Só te obter esse raciocínio de possibilidade de que isto é "somente seu" já nos permite abrir um leque de pensamentos deixando de lado apenas uma resposta. Refletir para uma melhoria interna, nos proporciona uma busca no qual nem sempre é fácil, mas durante esse processo, surge coisas tão fantásticas sobre si mesmo que elaborando de certo, podemos ser livres. (NH*)

Trilha sonora: Pitty - Só Agora

terça-feira, 21 de agosto de 2012

E então já não era a mesma

E se fazia toda perfume ao cair á noite. Esperou por horas. Seu cigarro queimava no cinzeiro. Todo carro que passava, pensara que era ele. O telefone toca. Uma eufórica angústia se toma. Permite um sorriso tímido. Não era de seu interesse. Retorna então ao ritual de espera, porém agora acompanhada de um dry martini. Sua azeitona, quase nem mexida é algo que se ilumina para Sophia. Questiona-se como seria ser algo não pensante, algo estável. Ri sozinha. Se torna louca, pensa. Volta a olhar para á azeitona. Algo aconteceu. Nesse intervalo de um sorriso tímido e uma azeitona estática. Já não era mais a mesma. Agora a inquietação era de outra ordem. Amedrontou-se, então. Fica sem ar. Derruba o martini. Ele chega. Como de costume, Carlos mal a olha, não se nota o perfume, tão pouco o desejo. Sobe para o banho. Sophia, que já não se sabe o que lhe acontecera, chora. Chora um choro despertar. Pensa em sumir, desistir mas nem sabe de quê. Espera Carlos descer. Recompõe-se. Volta-se o perfume, porém agora algo já se apagou. O cigarro já se queimou e seu martini, ao chão, quase que transparente, se mistura com os restos de poeira do tapete. Pobre Sophia, algo despertou.(NH*)


Trilha sonora: I Put a Spell on You - Nina Simone

sábado, 18 de agosto de 2012

Sei de mim assim?

Dor. Quem sou eu para subestimar uma dor. Dor por si só, apenas falada já dói, inquieta. Como internalizo minhas vivências é que vai me direcionar para um maior enfrentamento ou estancar por um momento. Sei que tenho possibilidades, e sei que permito entrar ou sair de tal momento angustiante. Sei também que todos somos seres únicos, com pensamentos e sentimentos únicos no qual a existência subsidia meus manejos. Assim, por ser único, não cabe a mim ou á ninguém julgar e medir a dor de um outro. Mesmo que passando pela "mesma" situação, nem mesma já é, quanto mais o sentir. Caracteriza-se por julgamento algo pré-conceituado que meus valores se colocam á frente dos sentimentos desse outro, tornando assim então minha moral e somente minha. Posso ter minhas idéias entre moralidades, mas quem sou, para imaginar que o que o outro sente é menos ou mais que tantos? Ninguém é tão algo que sabe d'outros tão bem quando nem de si dá-se conta. Nenhuma dor/angústia/sentimento é de fato falado. É sentir, logo é particular. Posso sentir um luto profundo frente á uma desilusão amorosa que me deixe marcas até quando conseguir elaborar e talvez permitir deixar de lado. Posso também sentir algo passageiro pelo mesma experiência. Posso sentir o que quiser e o quanto drama tiver de vir. Me construo aos poucos, e nessas vivências me modulo e me permito mudar. Cabe a mim, ser subjetivo, saber o que sinto e quanto de profundo há nisso. Somos tanto que não possuímos sabedoria tal grandiosa para conhecermos tanto o que no outro se manifesta. É através do que você conta que sei de algo. Sem saber onde e qual importância tal coisa tem para você, não poderei experimentar pré-julgar algo que talvez nem você tenha se tocado. Tal relação, me permito também colocar como ser humano, pois se cada um cuidasse do que é de fato seu, ( aqui retiro o caráter do desejo do Outro psicanalítico) internamente, talvez, surgiria uma relação de empatia e porque não harmonia em nosso viver? Concluo, que não há nada de errado em pensar o que é a dor para o outro, mas friso, que ao certo, o que penso não é dele e sim meu, portanto, muitas vezes o tentar adivinhar não passa de uma realização de um desejo seu para talvez ajudar este outro ou sentir-se que há um outro que precisa de você. (NH*)

Trilha sonora: Quase sem querer - Legião Urbana

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Posso ser melhor?

Tema da aula: Esperança. Parece meio bobo falar de esperança em sala não? Talvez. Pra mim, que estudo psicologia e até mesmo apenas para refletir na vida, já que meu instrumento de trabalho é a mente, logo qualquer tipo de interação para crescimento positivo, ou apenas reflexão é de grande valia, falar sobre esperança cai muito bem. Sabem que não nego uma queda imensa pela psicanálise e fenomenologia, mas não deixo de lado nada que como já citei, acrescente. Assim, falar de esperança por si mesmo é falar de acrescentar. É acreditar que irá haver mudanças. Mas esse esperar da esperança é movimento. É crença em algo interno que me move até meus objetivos, esses que mesmo materialmente exige esse mover. Na minha concepção de esperança, há um quê de subjetivo, pois me pergunto o que há de valor para as pessoas. Há aqueles que espera ganhar na loteria, aqueles que esperam reatar o namoro, os que esperam vida após a morte, entre outros mil esperar. Há então aqueles que esperam de si mesmo. Superar e melhorar a cada dia. É nesse anseio por sentimentos melhores que a psicologia positiva entra. Porque não começar de mim mesmo uma esperança de conseguir, mesmo que em pequenos passos melhorar minha confiança? E meu respeito por idosos? Cada um sabe o que seria bom melhorar. Todos temos qualidades e defeitos, mas pra que se apegar aos defeitos? Parece clichê o que vou dizer, mas porque então os clichês se repetem tanto? Há demanda. Assim, completando o raciocínio, nossa sociedade, (digo que por mais diferente a cultura, há alguma exigência em relação a ter-e-real desejo, pois em algum momento, acredita que a angústia de não saber o que é meu e do Outro irá se manifestar) permeiam nossos sentimentos de sentidos vazios, que nestes acreditamos ter sentido. Esse ciclo vicioso, por vezes causa desesperanças, depressões, entre outros tipos de incomodo. Assim, de uma maneira nada sútil porém inconsciente imagens de um falso precisar de algo bombardeiam nossa mente. Não precisamos ser radicais e apenas ter esperanças internas, mas podemos tomar-se como hábito pensamentos positivos em relação a si mesmo, a sentimentos bons e qualidades. Não é fácil, mas assim como qualquer outro hábito, cria-se um vínculo interno com algo que lhe cause satisfação, então, porque não se dar liberdade para estar melhor? É um exercício diário que não exige nada além de vontade e esperança de uma melhor qualidade de vida. Assim, tomo a liberdade e cito Becker (1979), no qual em sua experiência dizia que indivíduos com distorções cognitivas ou pensamentos automáticos no qual visavam um futuro ruim, poderiam desenvolver uma depressão, logo uma grande falta de esperança no futuro possibilita doenças psíquicas. Com isso, vemos o quão importante é ter esperança em si para uma melhoria futura. (NH*)


Trilha sonora: Empire Of The Sun - We are the people

terça-feira, 7 de agosto de 2012

E tens tempo pra pensar?

Se a vida pede um novo jeito, assim se surgirá. 
Se de novo me perco no tempo, tempo atemporal se dará. 
Meu tempo, meu jeito, meu quê de querer um novo, só feito de "nós" perturbará. 
Nem só nó, nem só novo, nem só tempo tem que dar. 
Tempo pede nós desatador de nós mesmos assim que tempo chega já. 
Que tempo é esse que persegue novo tempo de ser novo, de ser sempre algo sem ter tempo de procurar?
Que tempo é esse que se perde em tempo, não deixando tempo de se aventurar?
Tempo esse que de novo venho atento, sempre bobo, sempre tento acalmar.
Calma boba que só tempo calma sempre, sem ter pressa de chegar. 
Chega tempo de querer novo mesmo novo sendo outro já não bastar. 
Outros tempos diz aquele que não segue o novo sem deixar.
E há como seguir com tempo algo novo, sem ter tempo pra deixar?
Deixo atendo o tal do tempo, feito tempo á pensar.